Qualidade da contratação. Como medir?

Contratação

A medida “Qualidade de Contratação” tem diferentes significados para diferentes organizações. Mas, um estudo de 2010 da Aberdeen [1] concluiu que a satisfação do gerente contratante e o desempenho dos novos contratados são as duas medidas mais frequentemente usadas para a avaliação da métrica.

Referência: Aberdeen Group. Workforce Analytics: Key to Aligning People to Business Strategy. June 2011. p. 6.

Uma questão filosófica

Pensador

Uma questão filosófica

Um diretor de empresa tem o hábito de ler três jornais diários, o que lhe custa cerca de uma hora por dia. Outro se limita a ler o jornal de domingo, mas investe algum tempo refletindo sobre as tendências e os impactos de cada notícia relevante. Qual destes profissionais faz melhor uso da informação?

Da mesma forma que na vida cotidiana, o ambiente empresarial convive com uma sobrecarga de informações que não é possível absorver de forma completa. Assim, o administrador tem que ser seletivo e adotar algumas práticas que lhe permita tirar o melhor proveito dos dados disponíveis.

A maioria dos administradores quer um grande volume de informações entregue em tempo real e, para isto, investe em sofisticados sistemas que demandam trabalhos de muitas pessoas para que se mantenham atualizados. Porém, da mesma forma que na leitura diária dos jornais, não há como investir tempo para analisar e refletir sobre cada informação, para usá-la de forma a contribuir para o sucesso do negócio. Nossa posição é de que o gestor eficaz periodicamente se concentra para analisar com profundidade alguns poucos indicadores que são efetivamente importantes para seu empreendimento. Quanto às demais métricas, ele deve ter um sistema de controle, baseado em delegação aos responsáveis de cada área, para ser alertado em caso de desvios significativos.

Exemplificando: Embora a medida da inadimplência seja importante, só deveria ser destacada se superasse um patamar pré-acordado de, digamos, 2%. Nessa situação, o responsável pela área de cobrança deveria notificar de imediato seu gerente. Flutuações inferiores a este valor devem ser geridas pela área de cobrança, sem necessidade de interferência dos escalões superiores. Este tipo de indicador, de caráter operacional, deveria constar apenas de forma complementar no relatório mensal, com algum mecanismo, como cor diferenciada, destacando os casos de desvio.

Moral da história: A qualidade da análise é mais importante que a velocidade de acesso a informação.

Boas Práticas no Uso de Números

Desenho de uma tela de notebook com gráficos sobre um fundo cinza com imagens de outros gráficos.
Imagem de Oberholster Venita por Pixabay

A Associação Americana de Estatística apresentou, em junho de 2016, orientações para transformar a estatística em uma ciência e não um conjunto de ferramentas. Convencidos que um melhor uso dos dados irá melhorar a pesquisa e a inovação, seis estatísticos de prestígio publicaram as Dez Regras para a Prática Efetiva da Estatística:

  1. Os métodos estatísticos devem permitir que os dados sejam usados para responder questões científicas.
  2. Sinais sempre vêm com ruídos.
  3. Planeje pensando à frente, bastante à frente.
  4. Preocupe-se com a qualidade dos dados.
  5. Análise estatística é mais que um conjunto de cálculos.
  6. Mantenha a simplicidade.
  7. Forneça avaliação da variabilidade.
  8. Verifique suas premissas.
  9. Quando possível, replique.
  10. Faça sua análise reproduzível.

Fonte: PUBLIC RELEASE: 23-JUN-2016. Leading statisticians establish steps to convey statistics a science not a toolbox. Disponível em http://www.eurekalert.org/pub_releases/2016-06/asa-lse062316. Agora indisponível.

Os números não mentem. Mas mentem muitos que usam os números.

Post de out/16 atualizado em mar/24.

Benchmarking é uma boa ideia.

Benchmarking

Puerperal fever mortality rates for the First and Second Clinics at the Vienna General Hospital 1841. Imagem: https://en.wiki2.org/wiki/Ignaz_Semmelweis

O livro “The Doctors’ Plague”, de Sherwin Nuland, registra uma história interessante. No final da década de 1840, no Hospital Geral de Viena, quando um bebê nascia com o auxílio de um médico obstetra, a chance de morte da mãe era de 10 a 15%. Curiosamente, entre os atendidos apenas por parteiras, a taxa de mortalidade era muito menor. Essa diferença levou a uma investigação que descobriu que os médicos, pelas manhãs, frequentavam o necrotério, onde faziam autópsias. Mesmo sem entender bem a causa – na época ainda não se conheciam as bactérias – não foi difícil tomar providências que contribuíram para reduzir a taxa de mortalidade.

Essa história ensina várias lições, mas quero destacar uma. A comparação entre as taxas de mortalidade entre as mulheres atendidas pelos médicos e pelas parteiras foi o primeiro passo, pois mostrou que havia um problema. Caso contrário, é possível que a mortalidade, apesar de elevada, fosse considerada natural e aceitável. Resumindo, fazer comparação dos resultados (benchmarking) pode ser um importante elemento para identificar oportunidades de melhoria e incentivar a busca de melhores práticas.

Fontes:

  1. Freaknomics. Lottery Loopholes and Deadly Doctors: Full Transcript – Freakonomics. Disponível em: http://freakonomics.com/2012/04/25/lottery-loopholes-and-deadly-doctors-full-transcript Acesso em 19.03.16.
  2. Ignaz Semmelweis. https://en.wiki2.org/wiki/Ignaz_Semmelweis Acesso em 11.10.16.

Dórian L. Bachmann (dorian@bachmann.com.br) é especialista no uso de indicadores e benchmarking na gestão de processos e negócios.